Que criança é esta?

 

(Um estudo de Lucas 2:22)

Lucas regista dois acontecimentos entre o nascimento de Jesus e o início do s_u sacerdócio. Estes não são registados apenas por uma curiosidade inútil; ambos acontecimentos, contudo, apontam para a Sua importância no plano de Deus para a salvação. Profecias notáveis foram feitas quando Jesus foi apresentado a Deus no Templo, e o próprio Jesus referiu-se a um papel especial quando Ele estava a atingir a maioridade.

 

Apresentado a Deus

A Lei de Moisés exigia que todos os filhos primogénitos fossem redimidos e dedicados a Deus, dado que Deus poupara todos os filhos primogénitos de Israel na décima praga do Egipto (Êxodo 13:11-16). A lei também especificava que, por um filho, a mãe deveria esperar 40 dias e depois trazer uma oferenda queimada e uma oferenda de pecado ao santuário. Ela deveria trazer um cordeiro e uma ave, ou se ela não pudesse comprar um cordeiro, duas aves (12:1-8).

Lucas diz-nos que José e Maria obedeceram à Lei de Moisés: "Quando o seu tempo de purificação terminara segundo a Lei de Moisés, José e Maria levaram [Jesus] para Jerusalém para apresentá-lo ao Sênhor (tal como está escrito na Lei do Senhor, 'Todo o primogénito varão deverá ser consagrado ao Senhor'), e para oferecer um sacrifício para manter o que é dito na Lei do Senhor: 'um par de pombas ou dois jovens pombos'" (Lucas 2:22-24).

Aparentemente a família não podia comprar um cordeiro. É também interessante notar que Lucas fala na purificação "deles", embora a Lei falasse apenas na purificação da mãe. É irónico que a Lei exigisse a redenção para o Redentor, e uma oferta do          pecado para purificar uma concepção causada pelo divino.

Foi nesta visita ao templo que foram feitas algumas profecias significantes: "Nesse tempo existia em Jerusalém um homem chamado Simão, que era

virtuoso e devoto. Ele esperava pela consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Tinha-lhe sido revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo de Deus. Movido pelo Espírito, ele foi para os pátios do templo" (versículos 25-27).

Este homem devoto queria sinceramente salvar Israel, e o Espírito Santo falou-­lhe (tal como tinha falado aos profetas do Velho Testamento) e fê-lo ir ao templo no momento certo.

Quando Maria e José trouxeram o bebé Jesus ao templo para o ritual da dedicação e purificação, Simão interveio: "Simão pegou-o nos braços e louvou a Deus, dizendo: 'Senhor Soberano, tal como prometeste, agora dispensas o teu servo em paz. Porque meus olhos viram a tua salvação, que preparaste com vista a todos, uma luz para a revelação aos Gentios e para a glória para o teu povo Israel'" (versículos 28-32).

O Espírito Santo revelara a Simão que esta criança era a resposta às suas esperanças e fé. Embora a salvação em si mesma não estivesse completa, era segura. Deus manteve a Sua promessa para com Simão. O seu desejo de uma vida estava a realizar-se, e ele sentiu que a sua vida estava completa. Ele vira a resposta, e sabia que esta criança seria a salvação não só de Israel mas de todos os Gentios também. Ele era O Ungido de Deus, que seria a "luz para os Gentios" (Isaías 42:6).

José e Maria "maravilharam-se com o que foi dito sobre ele" (Lucas 2:33). Será que José e Maria não acreditavam bem que esta criança miraculosa era o Salvador de todos os povos? Ou mais provavelmente, Lucas diz-nos isto para nosso benefício, para que pensemos mais profundamente sobre o significado do que é dito: também nós nos deveríamos maravilhar com estas palavras auspiciosas.

 


Após Simão abençoar Jesus, também abençoou José e Maria. Mas a salvação de Israel não seria um mar de rosas - Simão também falou em problemas que estavam para vir: "Esta criança está destinada a causar a queda e a subida de muitos em Israel, e em ser um sinal contra o qual se falará, de modo que os pensamentos de muitos corações serão revelados. E uma espada atravessará a vossa alma também" (versículos 34-35).

O Salvador de Israel faria com que alguns subissem com o favor de Deus, mas também causaria a queda de alguns, porque algumas pessoas falariam contra Ele. Eles não gostariam da salvação que Ele trouxera, e os seus pensamentos seriam revelados

, como ímpios. Rejeitariam a Sua marca da salvação, pensando que não precisariam dela. E a própria Maria sofreria como resultado. Não nos é dito ainda como - Lucas mantém       o suspense.       .,.

 

A profetiza

Lucas também nos fala sobre Ana, que era conhecida como lUna profetiza. Ele não cita as suas palavras, mas contudo inclui o seu envolvimento: "Também havia uma profetiza, Ana, filha de Phanuel, da tribo de Asher. Ela era muito velha; vivera com o seu marido sete anos após o seu casamento, e depois tornou-se viÚva até aos oitenta e quatro anos. Nunca deixara o templo mas fazia as suas devoções noite e dia, jejuando e rezando. Chegando-se a eles nesse mesmo momento, deu graças a Deus e falou sobre a criança de quem todos esperavam a redenção de Israel" (versículos 36-38).

Ana, um modelo idoso da devoção, estava aparentemente inspirada para perceber que este bebé menino era o Salvador que redimiria o povo de Deus, e ela espalhou as boas notícias sobre Ele. Cada vez mais pessoas sabiam que o tempo da salvação chegara.

Lucas conclui então esta parte da história com alguns comentários gerais: "Quando José e Maria tinham feito tudo o que era exigido pela Lei do Senhor, regressaram 'a Galileia para a sua cidade de Nazaré. E a criança cresceu e tornou-se forte; estava cheio de sabedoria, e a graça de Deus estava nele" (versículos 39-40). Lucas não regista nada sobre a fuga da família para o Egipto (Mateus 2:13 - 23). Simplesmente traz Jesus para Nazaré, a sua terra de infância. Ali cresceu em sabedoria, e Deus estava com ele.

 

                                                               Jesus no templo

Os pais de Jesus, como Judeus respeitadores da Lei, íam a Jerusalém todos os anos pela Páscoa (versículo 41). Quando Jesus tinha 12 anos (13 era a idade considerada da maturidade espiritual), foram ao festival da Páscoa, como habitualmente.

"Após a Festa terminar, enquanto os seus pais se dirigiam a casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, mas eles não se aperceberam" (versículo 43). (Deveriam ter outras crianças para cuidar). Simplesmente assumiram que Ele estava entre o grupo que viajava, que poderia ter incluido um grande número de amigos, vizinhos e outras cnanças.

"Pensando que estavam na sua companhia, viajaram durante um dia." Mas quando provavelmente Ele não se juntou à família à noite, "começaram a procurá-lo entre os seus parentes e amigos. Quando não o encontraram, voltaram a Jerusalém para procurá-lo" (versículos 44-45).

Após um dia de viagem para norte, outra viagem para sul e mais um dia de busca, "encontraram-no nos pátios do templo, sentado entre os professores, ouvindo-os e fazendo perguntas. Todos os que o ouviram estavam espantados quanto ao seu entendimento e DerQJ.mtas" (versículos 46-47). Mais tarde as pessoas não estariam

 


meramente espantadas com Jesus - estariam zangadas. Mas neste ponto, Jesu simplesmente espantava. Mesmo as Suas perguntas mostravam um profundc entendimento invulgar para alguém da Sua idade.

Mas quando os Seus pais finalmente O encontraram, "estavam espantados. j Sua mãe disse-lhe, 'Filho, porque nos trataste assim? O teu pai e eu andamo ansiosamente à tua procura" (versículo 48). Maria sentia que Jesus tinha feito algo d errado. Confiaram que Ele integraria o grupo que viajava de volta a Galileia, mas El. não o fez.

Talvez tenha sido uma confusão inocente. Jesus pode ter tentado encontrar o Seus pais, mas eventualmente teria regressado a um local onde eles O encontrariam é enquanto esperava, usou o seu tempo proveitosamente. Não sabemos, mas Jesus penso' que eles saberiam procurá-Lo no templo. Onde dormiu não sabemos.

"Porque me procuráveis?" Perguntou. "Não sabíeis que deveria estar na casa d, meu Pai?" (versículo 49). Era necessário, disse Jesus, que Ele fizesse o trabalho d Deus.

 

Jesus referia-se ao Seu Pai celestial e à Sua missão divina, "mas eles nã, entenderam o que ele lhes dizia" (versículo 50). Sabiam que o seu filho era o Messia_ que Ele tinha uma missão especial, mas não sabiam os detalhes de como faria Ele a Su obra. Havia um pouco de mistério nesta criança - mas não para Jesus. Ele sabia o qu tinha que fazer.

O Seu tempo ainda não tinha chegado, por isso "V oItou para Nazaré com eles foi-lhes obediente. Mas a sua mãe guardou isto tudo no coração. E Jesus cresceu er sabedoria e estatura, e no favor de Deus e dos homens" (versículos 51-52).

 

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